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Testemunho de Chantal Robson (parte 1) Exame Direto pela Defesa


Testemunho de Chantal Robson

Traduzido por Daniel Azambuja, revisto por Daniela Ferreira

Os comentários em azul são da revisora. 

 

O TRIBUNAL DE JUSTIÇA: Chame sua próxima testemunha. 

SR. MESEREAU: A defesa vai chamar Lisbeth Barnes, Meritíssimo.

Posso pedir a segunda? Ela não está aqui, então chamaremos Chantal Robson, Meritíssimo.


O TRIBUNAL DE JUSTIÇA: Tudo bem. Quando chegar ao banco das testemunhas, por favor, permaneça em pé, olhe o meirinho e estenda sua mão direita.
 
CHANTAL ROBSON

Tendo jurado, testemunhou como se segue:
 

A TESTEMUNHA: Eu juro.

MEIRINHO: Por favor, permaneça sentada. Declare e soletre seu nome para registros.

 CHANTAL: Chantal Robson. C-h-a-n-t-a-l; sobrenome Robson, R-o-b-s-o-n.

MEIRINHO: obrigado. 

EXAME DIRETO PELO SR. MESEREAU
 

P: bom dia.

R: Bom dia.

P: Senhorita Robson, Joy é sua mãe, correto?

R: Sim, ela é.  

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P: E Wade é seu irmão, certo?

R: Sim.

P: E você conhece o cavalheiro sentado na mesa da defesa, à minha direita?

R: Sim, conheço.

P: E quem é ele?

R: Ele é meu amigo, Michael Jackson.

P: E há quanto tempo ele é seu amigo?

R: Desde meus dez anos.

P: E como você o conheceu?

R: O conheci em uma viagem para EUA. Nós fomos ao Record One Studios. Ele era amigo de meu irmão.

P: Ok.  E você manteve contato com Michael Jackson nos anos seguintes?

R: Sim, mantive.

P: E como você manteve contato com ele?

R: Apenas por telefone. Ele ligaria e diria alô pra minha família. Eu o via em certas ocasiões.

P: E você acha que ele é amigo da família?

R: Sim, eu acho.

P: Ok. Qual foi a ultima vez que você falou com Michael Jackson?

R: Quando foi a última vez que falei com Michael Jackson?

P: Sim.

R: Duas noites atrás.

P: Ok. E onde foi isso?

R: No rancho.
 
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P: Você estava visitando o rancho?

R: Sim.

P: Ok. Você estava com sua mãe?

R: Sim.

P: Você estava com seu irmão?

R: Sim.

P: Tudo bem. Agora, você se lembra da sua primeira visita em Neverland Ranch?

R: Sim, eu me lembro.

P: E quando foi isso, aproximadamente?

R: Foi em 1989. Eu tinha dez anos.

P: E você se lembra de quem estava com você?

R: Sim. Quando fomos lá a primeira vez, foi minha família toda. Meus avós, meu pai, minha mãe, Wade e eu.

P: Ok, e você se lembra de onde vocês ficaram em Neverland?

R: Eu fiquei no quarto de Michael.

P: Ok, e havia mais alguém la dentro com você?

R: Wade e Michael estavam.

P: E quantas noites você e Wade passaram no quarto de Michael naquela ocasião?

R: Duas noites.

P: Você se lembra de algo impróprio ter acontecido naquele quarto alguma vez?

R: De jeito nenhum.

P: Ok. E o que… o que você, Wade e Michael faziam durante as noites que ficavam no quarto dele?   

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R. Apenas conversamos. Assistimos a desenhos. Assistíamos a vídeos, jogávamos… sabe o que crianças normais fazem. Corríamos e nos divertíamos.

P: Vocês dormiram na cama dele?

R: Sim, dormimos.

P: Quantas vezes você acha que ficou no quarto de Michael?

R: Eu provavelmente fiquei lá várias vezes. Entrava e saia. E dormi lá quatro vezes.

P: Quando você dormiu no quarto de Michael, seu irmão Wade estava sempre junto lá?

R: Sim.

P: E em alguma dessas vezes, você viu alguma coisa imprópria acontecer?

R: Nenhuma.

P: Alguma vez viu o Sr. Jackson molestar seu irmão Wade?

R: Nenhuma.

P: Alguma vez viu o Sr. Jackson tocar seu irmão Wade de forma inapropriada?

R: Não.

P: Alguma vez viu o Sr. Jackson abusar de seu irmão Wade?

R: Não.

P: Você alguma vez desconfiou de qualquer toque que o Sr. Jackson tenha dado em Wade? 

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R: Nunca.

P: O Sr. Jackson alguma vez a abraçou?

R: Sim, abraçou.

P: Você o abraçou?

R: Sim, abracei.

P: Alguma vez desconfiou da forma que ele a abraçou?

R: Nenhuma vez.

P: O Sr. Jackson alguma vez a beijou?

R: Sim, beijou.

P: E você o beijou?

R: Sim, beijei.

P: Alguma vez desconfiou da forma que ele a beijou?

R: Não.

P: Já viu o Sr Jackson abraçar Wade?

R: Sim.

P: Já suspeitou da forma como o Sr Jackson abraçou Wade?

R: Não.

P: Alguma vez viu Wade abraçar o Sr. Jackson?

R: Sim, eu vi.

P: Alguma vez suspeitou da forma como Wade abraçou o Sr. Jackson?

R: Não.

P: Alguma vez viu o Sr. Jackson beijar Wade?

R: Sim, vi.  

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P: Já viu Wade beija-lo?

R: Sim.

P: Já suspeitou de algum desses beijos?

R: Não.

P: Nunca pensou que fossem de natureza sexual?

R: Não, eram apenas beijos amigáveis na bochecha.

P: Quantas vezes você acha que foi a Neverland?

R: Milhões. Eu estive... tantas, eu não lembro.

P: Ok.

R: Se... acho que uma média de quatro vezes ao ano.

P: E você esteve em Neverland quando o Sr. Jackson estava ausente?

R: Sim, eu estive.

P: Você esteve lá muitas vezes quando ele não estava?

R: Sim.

P: Na primeira vez que foram a Neverland, o que se lembra de sua família ter feito?

R: Nós passeamos, assistimos a filmes, corremos em carrinhos de golfe, brincamos no playground. Almoçamos, coisas assim...

P: No seu conhecimento, seus pais sabiam que você e Wade estavam dormindo no quarto de Michael?

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R: Sim, eles sabiam.

P: No seu conhecimento, seus avós sabiam que você e Wade estavam dormindo no quarto de Michael?

R: Sim, eles sabiam

P: Nenhum teve problemas com isso?

R: Não.

P: Como descreveria o quarto de Michael Jackson?
R: É bonito, tem dois andares, outro quarto no andar de cima. A cama dele é no andar debaixo. Há dois banheiros. … Desculpe, há um armário no lado direito e um chuveiro no esquerdo.

P: Quantas vezes você acha que esteve nesse quarto? Pode supor? Supor, não... perdão, pode calcular?

R: De cinco a dez vezes.

P: Durante essas vezes que você esteve em Neverland na ausência do Sr. Jackson, você alguma vez sentiu ser mantida afastada desse quarto?

R: Não.

P: Você esteve nesse quarto durante o dia?

R: Sim, estive.

P: Você esteve nesse quarto à noite?   

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R: Sim, estive.

P: E você esteve nesse quarto tarde da noite, certo?

R: Sim.

P: Alguma vez o senhor Jackson lhe aconselhou a não entrar nesse quarto?

R: Nunca.

P: Então, na primeira vez que você visitou Neverland, quando você e Wade ficaram no quarto do Sr. Jackson... onde seus pais ficaram, se você lembra?

R: Na unidade dos hóspedes.

P: E onde seus avós ficaram?

R: Também ficaram na unidade dos hóspedes.

P: Você se lembra de seus pais ficarem na casa principal antes de o Sr. Jackson ter os próprios filhos?

R: Acho que minha mãe ficou na casa principal em uma ocasião.

P: Ok, você tem certeza disso?

R: Não, eu não tenho.

P: Ok, você esteve em todas as salas da casa principal?

R: Sim, estive.

P: Ok, você esteve nelas muitas vezes?

R: Sim, estive.

P: Você se lembra de uma Jacuzzi em Neverland?

R: Sim.

P: Alguma vez esteve na Jacuzzi?

R: Sim, estive.  

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P: Alguma vez esteve dentro dela com Michael Jackson e seu irmão?

R: Sim.

P: Você viu algo impróprio acontecer quando estava na Jacuzzi?
R: De forma alguma.

P: Você lembra o que o Sr. Jackson vestia quando vocês estavam na Jacuzzi com ele?

R: Calções.

P: Você viajou com o Sr. Jackson?

R: Não, eu não viajei.

P: No seu conhecimento, sua família viajou com ele?

R: Sim.

P: O que sabe disso?

R: Eu sei que meu irmão e minha mãe foram para Las Vegas. Eu fiquei. Eu fui pra Los Angeles com ele em minha primeira viagem. Eu fui para Los Angeles, só eu e minha mãe. Desculpe, eu e meu irmão.

P: Qual sua ocupação?

R: Eu sou dançarina.

P: você tem consciência dos esforços do Sr. Jackson para ajudar sua família a se mudar para os EUA?

R: Sim, ele nos ajudou, como qualquer amigo.

P: O que você se lembra de ele fazer? 

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R: Ele basicamente só nos ajudou com a imigração. Ajudou-nos, sabe, nos conseguiu advogados para nos auxiliarem na mudança.

P: Você alguma vez sentiu que ele fazia isso por que queria algo em troca?

R: Não, nunca.

P: Ele alguma vez a ajudou em sua carreira?

R: Não.

 

SR. MESEREAU: SEM MAIS PERGUNTAS.



 

 
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Testemunho de Chantal Robson (parte 2) Exame Cruzado pela Promotoria

EXAME CRUZADO PELO SR. AUCHINCLOSS:


P: bom dia, senhorita Robson.

R: Bom dia.

P: Você encontrou o Sr. Jackson pela primeira vez em 1990, certo?

R: 1989

P: Ok, 1989. E isso foi na Austrália?

R: Não, foi na América.

P: Certo. Então a primeira vez que encontrou o Sr. Jackson foi na vez... na primeira vez que você visitou Neverland Ranch?

R: Sim.

P: Neverland Ranch lhe pareceu um lugar inspirador quando o visitou pela primeira vez?
R: Desculpe, um lugar...

P: Inspirador.

R: Sim, é um lugar lindo.

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P: Muito impressionante?

R: Sim.

P: Você ficou impressionada em encontrar o Sr Jackson na primeira vez que o encontrou?

R: Não realmente impressionada. Eu era jovem, então a ideia do fato de ele estar ficando famoso realmente não significava muito.

P: Ok.

P. Okay. Não a atingiu como algo impressionante conhecer um superstar quando você tinha dez anos de idade?

R: Não.

P: Você ja tinha ouvido a música dele?

R: Sim.

P: Você tinha algum de seus álbuns?

R: Sim.

P: Então após você visitou Neverland, você retornou para a Austrália?

R: Uh-huh.

P: Com a sua família?

R: Sim.

P: E seu irmão Wade?

R: sim.

P: E Wade se comunicava com o Sr. Jackson naquele tempo?

R: Sim.

P: Ele lhe telefonava?

R: Sim.

P: O Sr. Jackson ligava para Wade?

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R: Sim.

P: Isso aconteceria com frequência?

R: Sim.

P: E eles falavam ao telefone por horas?

R: Sim.

P: Semanalmente?

R: Sim.

P: Mais de uma vez por semana?

R: Sim

P: Durante esse tempo, seu irmão parecia fascinado pela amizade dele com esta estrela?

MESEREAU: Objeção. Vago.

O TRIBUNAL DE JUSTIÇA: Negado. Você deve responder.

A TESTEMUNHA: Ele estava fascinado pela amizade.

SR. AUCHINCLOSS: Isso era muito importante para ele, não era?

R: Sim.

P: Eles enviavam faxes um para o outro?

R: Sim.

P: Com que frequência fazia isso?

R: Eu não me lembro. Não era tão frequente quanto as chamadas telefônicas.

P: Mas essa era uma ligação muito especial que Wade tinha com Michael Jackson, não era?

R: Como qualquer outro amigo, sim.

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P: Mas era um amigo especial, não era?

R: Não sei o que quer dizer com “amigo especial”.

P: Bem, Wade tinha alguém mais com quem tivesse amizade com o qual pudesse comparar com a amizade com o Sr. Jackson?

R: Eu.

P: Ok, me deixe reformular a pergunta… Qualquer amizade com alguém adulto como a amizade com o Sr. Jackson , um adulto que não seja membro da família.

R: Não.

P: E na sua primeira noite em Neverland, você declarou que dormiu na cama do Sr. Jackson?

R: Sim.

P: Cama?

R: Na segunda noite. Na primeira vez eu estava no quarto.

P: Então, na primeira noite que você foi para Neverland, você passou a noite no quarto do Sr. Jackson. E naquela primeira noite, você dormiu no quarto do andar de baixo, certo?

R: Não.

P: Você dormiu no andar de cima?

R: Sim.

P: Você… eu vou refazer isso. Você foi entrevistado por Scott Ross, um investigador de Michael Jackson, em 5 de maio de 2005 ?

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R: Sim, mas não tenho certeza se essa é a data, mas sim, eu fui.

P: Isso foi há alguns dias atrás?

R: Sim.

P: E você contou ao Sr. Ross que você se lembrava de que na primeira noite você dormiu no andar inferior e Wade subiu para o de cima e dormiu com o Sr. Jackson?

R. Não. Isso seria o outro caminho em volta.

P: Ok.

R: Michael e Wade dormiram…Michael e Wade dormiram embaixo e eu no andar de cima na primeira noite.

P: Ok, então o Sr. Jackson e Wade dormiram juntos, separados da área em que você dormiu?

R: Sim.

P: Por que isso?

R: Por que eu sai e fui para o andar de cima.

P: Por que você saiu e foi para o andar de cima?

R: Por que eu era um pouco mais velha na ocasião e sentia como se tivesse invadindo o quarto de Michael, então e sai e fui para andar de cima.

P: Por que você queria dar mais privacidade ao Sr. Jackson?

R: Sim.

P: E ele estava sozinho com seu irmão nessa vez?

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R: Sim.

P: E seu irmão tinha sete anos?

R: Sim.

P: E nessa noite seu irmão dormiu na mesma cama com Michael Jackson?

R: Sim, eu disse a ele para subir comigo.

P: Você pediu a ele que subisse com você?

R: Sim.

P: Isso foi por que você sentiu que ele não deveria dormir na cama com um homem adulto?

R: Não necessariamente.

P: Então por que você disse a ele para subir?

R: Porque eu não queria que Michael sentisse que duas pessoas estivessem invadindo o espaço dele.

P: Algo sobre aquela primeira noite a fez se sentir desconfortável, não fez?

R: Não necessariamente.

P: Você não disse ao Sr. Ross que se sentiu mais confortável na segunda noite, quando falou com ele alguns dias atrás?

R: Confortável com minha amizade com Michael, sim.

P: E na noite seguinte você dormiu na mesma cama com Michael Jackson?

R: Eu dormi.

P: E sua mãe sabia disso?

R: Sim.

P: Ele tinha 35 anos?

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R: sim.

P: E você tinha dez?

R: Sim.

P. Seria a primeira vez que você faria algo assim?

R: Feito algo como o quê?

P: Como uma menina jovem, dormindo com um homem adulto que não tinha parentesco com você, que você recém encontrou.

R: Essa foi a primeira vez que fiz aquilo, mas não foi a primeira vez que dormi com alguém com mais de 35 anos.

P: Com dez anos, você ja havia dormido com alguém acima de 35 anos que não Michael Jackson?

R: Dormi com meu pai.

P: Estou falando de alguém sem parentesco.

R: Não. Aquela foi a primeira vez;

P: Sendo criança, com quantos homens acima dos trinta anos você dormiu?

R: Nenhum.

P: Somente o Sr. Jackson?

R: Além de meu pai, sim.

P: De quem foi a ideia de você dormir na cama do Sr. Jackson?

R: Foi nossa ideia.

P: Como?

R: Meu irmão e eu. Não foi bem uma ideia. Nós apenas dormimos.

P: O Sr. Jackson desencorajou isso? Ele disse de algum modo que era inapropriado duas criancinhas dormirem na cama com um homem de 35 anos e sem parentesco algum?

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R: Não.

P: E você estando aqui, hoje, adulta, você acha que é apropriado que uma menina de dez anos durma na mesma cama com um homem de 35 anos que ela recém conheceu?

R: Eu acho apropriado que uma menina de dez anos durma na cama com um amigo.

P: Certo. E quanto a um homem de 35 anos que ela conheceu recentemente? Essa é minha questão. Você acha isso apropriado?

R: Se ela se sente à vontade e se ele é amigo dela.

P: Se com dez anos de idade ela pensasse que tudo bem, ela deveria?

R: E os pais... sim.

P: Algo que você permitiria?

R: Sim.

P: E quanto a um menino de sete anos?

R: Sim.

P: Você permitiria que seu próprio filho de dez anos dormisse com um homem de 35 anos que ele recém encontrou?

R: Se eu confiasse nesse homem, sim.

P: Você acha que esse tipo de confiança pode ser aprendida em um dia?

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R: Eu não acho que confiança seja aprendida.

P: Como você ganha confianças, alem de aprendê-la.

R: Acho que é um sentimento. É um amigo.

P. O Sr. Jackson é muito bom nisso, ele não é, em ganhar confiança?

R. Eu não entendo como você pode dizer que alguém é bom em ganhar confiança.

P. Ele faz você se sentir muito confortável na primeira vez que você o encontra, não é verdade?

R. Eu acho que depende de quem o está encontrando.

P: Bem, você se sentiu muito confortável desde o primeiro dia, não?

R: Bem, eu era amiga dele.

P: E sua mãe se sentiu confortável também, não se sentiu?

R: Minha mãe já o tinha encontrado dois anos antes.

P: Mas ela apenas o encontrou como um conhecido, você sabe disso?

R: Eles passaram um tempo juntos antes disso.

P: Eles passaram o quê?

R: Eles passaram um tempo juntos antes disso.

P: Em quantas ocasiões?

R: Só na primeira, quando eles estiveram na Austrália. Mas ela, na verdade, passava horas conversando e conhecendo Michael, então ela tinha uma amizade anterior...

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P: Então seu testemunho é que sua mãe sabia que você estava indo dormir na mesma cama que Michael Jackson aquela noite?

R: Sim.

P: Alguma vez Michael Jackson se referiu a você como membro da família dele?

R: Não.

P: Ele alguma vez se referiu a Wade como membro da família?

R: Não que eu saiba.

P: Você tem consciência que havia outros meninos que passavam as noites na cama de Michael Jackson?

R: Eu tenho.

P: Você sabe os nomes deles?

R: De alguns.

P: Quais deles você conhece?

R: Jordie Chandler, Macaulay Culkin e Brett Barnes.

P: O Sr. Jackson tem sido muito generoso com você, não tem?

R: Depende do que você quer dizer com generoso.

P. Bem, ele permitiu que você ficasse livre pelo rancho sempre que você quis, verdade?

R: Sim.

P. E ele não impunha regras, verdade?

R. As regras na casa dele. É como eu ir a qualquer casa de amigo e passar um tempo lá.


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P: Neverland não é como a casa dos outros amigos, não é mesmo?

R: Não, mas eu tenho muitos amigos que tem casas bonitas. E quando eu vou lá eles me deixam andar por lá livremente.

P: E no passado o Sr. Jackson deu empréstimos para sua mãe?

R: Empréstimos?

P: Sim. E em Neverland você praticamente tinha… você fazia tudo que quisesse como criança?

R: Bem, eu não sei sobre “tudo que você quisesse”. Quer dizer, você era protegido. Não podia...

P: Dentro dos limites seguros?

R: Sim.

P. Você basicamente tinha o controle no rancho, não é verdade?

R: Sim.

P: Podia ficar acordada até tarde?

R: Sim.

P: Podia comer todos os doces que quisesse?

R: Sim.

P: Não havia realmente regras, exceto as para sua segurança?

R: Depende das regras que sua mãe tivesse pra você.

P: Mas quando estava longe dos seus pais e quando com o Sr. Jackson, você tinha de fazer tudo que quisesse?

R: Bem...

P: Praticamente isso, certo?

R: Contanto que não fosse o que sua mãe havia dito para não fazer.

P: Todas essas famílias que você citou passaram tempos com o Sr. Jackson, certo, os meninos dessas famílias?

R: Sim.

P: E todas essas famílias tem uma coisa em comum, não tem? Todas elas têm meninos?

R: E irmãs.

P: Certo, mas cada uma delas tem meninos?

R: Sim.

P: E cada uma dessas famílias tem um menino que tem uma relação especial com o Sr. Jackson, não é verdade?

R: Sua ideia de amizade especial, sim.

P: Bem, o Sr. Jackson tinha uma relação com Wade que era mais próxima do que a sua com ele, verdade?

R: Sim.

P: E o Sr. Jackson escolheu Wade para dormir no quarto dele, noite após noite, após noite, após noite...?

R: Eu não acredito que Michael Jackson escolheu Wade para dormir no quarto dele.

P: Bem, ele permitiu, não é mesmo?

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R: Há uma diferença entre escolher e permitir.

P: Bem, você realmente não sabe o que ele escolheu, sabe?

R. Eu acho que éramos capazes de sair.

P. Essa é uma pergunta sim ou não. Você sabe o que Michael Jackson estava escolhendo quando ele e Wade estavam dormindo na mesma cama juntos?

R: Não.

O promotor foi bem agressivo com a testemunha, tentando força-la a admitir que MJ só permitia que meninos dormissem na cama dele; o que não é verdade. A própria Chantal dormiu na cama de Michael e, como ela, diversas outras meninas. Apenas, por escolha da promotoria, as meninas foram ignoradas neste caso, pois o objetivo é tentar convencer o júri de que MJ era homossexual e, por conseguinte, um pedófilo, como se houvesse ligação entre homossexualidade e pedofilia. Na verdade, não há nenhuma.


P: Alguma vez ouviu sobre o Apple Head Club?

R: Não.

P: Nunca?

R: Apple Head Club? Não.

P: E quanto ao Doo-Doo-Head Club?

R: Não.

P: Alguma vez ouviu essas expressões?

R: Sim. Não clube.

P: Wade era um Apple Head?

R: Sim.

P: Você sabe quantas vezes Wade dormiu com o Sr. Jackson, sozinho, na cama dele?

R: Eu não sei.

P: E Srta. Robson, você realmente não fazia ideia do que acontecia entre o Sr. Jackson e Wade naquelas muitas noites em que eles dormiram sozinhos atrás das portas fechadas do Sr. Jackson, fazia?

R: Sim, eu fazia.

P: Você não estava lá, estava?

R: Não importa.

P: Você está julgando apenas baseada no que Wade lhe contou?

R: Baseada no que meu irmão e amigos me contam, sim. E, como tudo, nos baseamos muito no que as pessoas nos contam.

P: Você se surpreenderia se soubesse que houve um expert que testemunhou nesse caso que mais de 50% de todas as crianças...

SR. MESEREAU: Objeção à pergunta.

SR. AUCHINCLOSS: Eu não terminei a pergunta.

SR. MESEREAU: Baseado em outro testemunho.

SR. AUCHINCLOSS: Baseado nele para desafiar a credibilidade dela.

O TRIBUNAL DE JUSTIÇA: Mantido.

SR. AUCHINCLOSS: Você acha que todas as crianças vítimas de abuso, divulgam, sendo crianças, que estão sendo molestadas?

SR. MESEREAU: Objeção. Assumes fatos não em evidência; além do escopo, opinião imprópria.

O TRIBUNAL DE JUSTIÇA: Negada. Responda.

O juiz errou ao negar a objeção. A pergunta do promotor está além do escopo do exame direto e ele está pedindo para a testemunha assumir que um abuso ocorreu apenas porque há crianças que são abusadas e não contam, como se o simples fato de ter uma criança na cama dele fizesse de MJ um pedófilo.

SR. AUCHINCLOSS: Você acha?

P: Pode repetir a pergunta, por favor?

SR. AUCHINCLOSS: Você acha que todas as crianças vitimas de abuso divulgam, sendo crianças, que estão sendo molestadas?

9328.

R: Eu honestamente não faço ideia. Nunca estudei sobre os requisitos de um molestador.

P: Você tem a impressão de que algum tipo de vergonha poderia acometer uma criança para que ela admita que está sendo abusada?

R: Outra vez, eu não sei o que se passa na mente de alguém.

P: Haveria uma certa culpa na família, nos pais que permitissem que os filhos dele dormissem com Michael Jackson ou um adulto, qualquer um, se descobrissem que essa criança foi molestada por essa pessoa, não haveria?

O promotor tenta obrigar Chantal a dizer que a família tem motivo para esconder o abuso, quando todos, inclusive Wade, negaram ter sofrido qualquer abuso. Não é correto partir do pressuposto que toda criança que sofreu abuso irá esconder isso.

R: Não acho que haveria necessariamente uma culpa. Acho que raiva e fariam tudo para manter essa pessoa longe.

P: Isso os chatearia. Seria perturbador, não seria?

R: Sim.

P: Um sentimento que eles gostariam de evitar, não é?

R: Não, eu acho que é um sentimento que eles gostariam de resolver.

P: Mas se eles escolhessem negar esse sentimento, você poderia entender o porquê, não poderia?

R: Eu não sei. Nunca passei por isso.

SR. AUCHINCLOSS: Não tenho mais perguntas.

9329

 


 
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